SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta de cerca de 1 por cento nesta quinta-feira e voltou a renovar as máximas em quase onze anos, em meio às persistentes preocupações com a situação política e econômica do Brasil e à incerteza sobre o futuro do programa de intervenções diárias do Banco Central no câmbio.
Com isso, a moeda norte-americana descolou-se dos mercados externos, onde perdeu força em meio a expectativas menores de que o Federal Reserve comece a elevar os juros já em junho.
O dólar subiu 1,08 por cento, a 3,1615 reais na venda, após chegar a cair mais de 1 por cento e atingir 3,0764 reais na mínima da sessão. Trata-se do maior nível de fechamento desde 14 de junho de 2004, quando ficou em 3,170 reais.
Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,6 bilhão de dólares.
"De maneira geral, o dólar está no meio de um processo de mudança de patamar, em uma trajetória de alta firme. Dá para imaginar um alívio pontual, não uma recuperação consistente", explicou o economista-chefe da INVX Global Asset Management, Eduardo Velho.
O movimento contrastou com a queda do dólar nos mercados externos, que refletia a expectativa de que a manutenção de juros mais baixos nos EUA sustente a atratividade de papéis de outros países. Essa perspectiva ganhou mais força nesta manhã após dados fracos sobre as vendas no varejo norte-americano.
Globalmente, "o dólar está se enfraquecendo hoje enquanto agentes do mercado consideram o risco de que a força recente do dólar desacelere o ritmo das altas de juros (nos EUA)", escreveram os analistas do Scotiabank Eric Theoret e Camilla Sutton em nota a clientes.
Mas investidores continuaram apreensivos no mercado brasileiro, em meio a temores de que a resistência política à presidente Dilma Rousseff dificulte ainda mais o ajuste fiscal. Dúvidas sobre o futuro do programa de intervenções diárias do Banco Central no câmbio, marcado para durar até pelo menos o fim deste mês, também sustentaram as preocupações.
Reuters